segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Nossa primeira acampada - Quintal das Estrelas (Socorro/SP)


Nosso primeiro acampamento foi totalmente no improviso. Resolvemos de última hora, às vésperas do ano novo, sem nenhum planejamento, nada. Mesmo assim foi uma experiência bem gostosa, e nos deixou completamente apaixonados por esse estilo leve e livre de viajar - que é a forma como também levamos nossa vida. 


Bom, acredito que qualquer pessoa que queira iniciar no campismo e vá procurar ajuda no tio Google, invariavelmente cairá na página do "seu" Luiz, O Campista (www.ocampista.com.br) e conosco não foi diferente. Navegando pelo blog, encontramos um camping que nos interessou bastante, o Fazenda Valle das Águas, em Socorro/SP, mas eles estavam sem vagas e nos indicaram o Quintal das Estrelas, na mesma cidade.

Liguei e fui atendida por uma moça bem simpática, a Rosangela, que nos ofereceu um pacote de réveillon com ceia e café da manhã inclusos, por um período de 5 dias e um preço tão legal que chegamos a duvidar (tanto que pedi para que enviasse tudo por email, para que eventualmente eu pudesse contestar).

Sinal pago, começamos a nos organizar para a viagem. Como contei no post anterior, eu tinha uma barraca que recebi em doação de um casal que conheci em Paraty, que em meio ao temporal largou tudo pra trás e disse que eu poderia ficar com os equipamentos deles. O detalhe é que eu nunca tinha visto a barraca montada, sabia apenas que era para duas pessoas! 

Também já tínhamos colchão e bomba manual, o que mais precisaríamos? 

Estávamos eufóricos! 

Malas prontas (muita, muita, muita roupa, pelo trauma vivido em Paraty, quando não sobrou uma peça seca), pegamos a estrada.

No caminho, passamos num Extra24h (pois já passava das 22h e como dá pra notar, somos um casal beeem organizado e experiente), pra comprar "algumas coisinhas pra comer". Acabou que compramos uma quantidade enorme de coisas que sequer tocamos durante toda a viagem e que só serviram para ocupar espaço no carro (biscoitos, nutella, pães, bolinhos, sucos, mais biscoitos, mais pães... meu deus! parecia que estávamos indo acampar numa ilha deserta!!!)

Totalmente sem noção, chegamos ao camping por volta de 2:30h da madrugada, morrendo de vergonha e evitando ao máximo fazer barulho. Tanto que o colchão foi inflado na recepção e só depois levado para a barraca. (*Laércio depois me contou que lá do camping dava pra ouvir o "fiii-fiii-fiii" do colchão enchendo, ou seja, não tava adiantando nada minha tentativa de ser discreta)

Fomos recebidos por um senhor prestativo (seu Vicente), que apenas nos pediu para avisá-lo quando acabássemos para que ele pudesse apagar a luz do camping.

Vale dizer que enquanto Laércio montava a barraca, eu enchia o colchão lááá na recepção, que fica fora do alcance de visão do camping. O estacionamento também fica um pouco distante e estávamos estacionados perto da recepção. Isso significa que eu ainda não tinha visto a barraca montada e com o colchão dentro. 

Quando ele veio buscar o colchão já cheio, eu ainda fiquei lá perto do carro, com Luiza no colo, esperando ele voltar para levarmos a nossa mala, a da Luiza e as coisas que compramos no mercado. 

E foi então que ele veio me avisar que eu deveria pegar apenas a roupa de dormir, porque na nossa barraca SÓ CABIA O COLCHÃO, MAIS NADA! 

Pânico. 

Catei uma sacolinha do mercado, coloquei meu pijaminha e escova de dente dentro, e lá fui conhecer o camping e minha nova casa, com Luiza no meu colo.

Morri de vergonha quando cheguei no camping e descobri que minha barraquinha era tão, mas tão pequena que mais parecia uma toca do Gugu perto das outras, enormes, imponentes...!

Mas era o que tinha para o momento, né? Bora encarar o aperto. Pelo menos conseguimos entrar e nos acomodar, com Luiza ao nosso lado e os pés do Laércio (que tem 1,86m de altura) quase saindo da barraca.

Achando graça de toda aquela situação, fomos dormir. Cansados, porém felizes como crianças brincando de cabaninha no sofá da sala.


Nossa primeira noite na barraquinha


Antes disso, avisamos o seu Vicente que já poderia apagar a luz, e esse foi nosso primeiro perrengue: ele não apagava a luz simplesmente, mas desligava a chave geral, o que pra nós era um baita problema. Explico: Laércio sofre de apnéia do sono e pra dormir usa um aparelho elétrico (respirador).

Como já era mais de 3h da madrugada, não falamos nada.

...

Sobre o camping


Primeiro dia - 31/12/2014 

Acordamos por volta de sete e meia da manhã, com um calor insuportável na barraca. Então pudemos conhecer melhor o local e formar nossas primeiras opiniões. 

Não há uma única árvore dentro da área do camping, daí o nome "QUINTAL das Estrelas": o espaço é uma espécie de 'puxadinho' da Pousada Verdes Vales, cujo dono nos informou que havia sido inaugurado há pouco tempo, aproveitando o espaço outrora esquecido. O terreno foi aplainado, dedetizado e embora pequeno, tem pontos de luz espalhados por toda a área, praticamente 1 para cada barraca. Tem muros altos e o que pega mesmo é a falta de árvores. Também tem wi-fi, mas só consegui usar de madrugada e com sinal bem fraco.


Eu e Luiza na toca do Gugu


Banheiros

Vários, sinalizados por "ele" e "ela", porém, bem precários. Mesmo com poucas barracas instaladas, a sujeira era pior do que banheiro de boteco, bom nem entrar em detalhes, mas quem já precisou usar banheiro de boteco na hora do desespero sabe do que eu tô falando. 

Apenas dois banheiros tem água quente, e alguns não tem nem chuveiro. Nenhum deles tem gancho para pendurar roupas, as pias são minúsculas e quando se abre a torneira, a água bate na pia e te molha todo. A pia é tão pequena que até pra cuspir a água do enxague quando se escova os dentes é difícil, porque o cano da torneira ocupa todo o espaço. Uma das pias estava solta e caiu em cima de mim. As portas são sanfonadas e algumas não fecham direito, é preciso alguém de "guarda" do lado de fora. Lixos transbordando. Sujeira, muita sujeira e mal cheiro. Nojento.

Área de lazer

Salão de jogos: existe, mas não vimos ninguém usando. Na página da pousada no Facebook tem muitas reclamações de gente que tentou usar. O que vimos: pisos soltos, sujeira, aspecto de abandono. Nas churrasqueiras em frente ao salão havia restos de comida e também muita sujeira e lixo. 

Piscina: grande, com divisão para crianças pequenas, estava limpa no dia que usamos... Mas na página também vi reclamações sobre a demora na limpeza e crianças frustradas. Como só usamos um dia e já no final da tarde, não temos do que reclamar. Mas faltam cadeiras, mesas e guarda-sóis (só vi um).

Lanchonete: tem, mas precisa procurar alguém pra atender sempre que se quer consumir algo ou simplesmente pedir uma água. E a água é cobrada a preço de ouro - recebemos uma conta de R$ 60,00 quando fizemos o check out, sendo que, exceto por uma porção de calabresa e duas cervejas, consumimos apenas água, em garrafinhas de 500ml.

Não existe bebedouro em nenhum lugar da pousada ou do camping, e o calor era intenso.

Refeitório: grande, porém um pouco abafado. O café da manhã é gostoso, servem pães, bolos, frutas, sucos, e as meninas que trabalham lá são muito atenciosas e prestativas. Apesar de existir um cartaz com os horários de almoço e jantar, eles não existem. Depois do café da manhã o refeitório é trancado e só abre no café da manhã do dia seguinte. 

Em frente ao refeitório tem um pequeno playground com poucos brinquedos (uns dois ou três) e um pomar, também com aspecto de abandono. Muita sujeira e moscas nas frutas que caem, apodrecem e ninguém recolhe. 

Há no local algo que chamam de "mini-fazendinha", mas o que vimos foram animais esquecidos, mais sujeira, e coelhos presos em gaiolas minúsculas (parecia a gente na barraca, mas pelo menos a gente podia sair :p ) 

Deu muita pena de ver. 

No mesmo lugar existe uma pequena capela e uma construção com cara de abandonada do que seria um salão de festas (acho). 

Há também um canil para os cachorros dos hóspedes, mas fica próximo aos chalés e teve gente louca da vida por ter sido acordada pelos latidos da cachorrada. Pelo menos do camping nada se ouvia, sorte a nossa.

...

A ceia de Ano Novo

Cumpriu o que prometeu, exceto pelo panetone que estava no cardápio e permaneceu na cozinha, sem ser servido (não entendi essa). Comida beeem simplesinha: arroz à grega, maionese, uma carne desfiada que chamaram de leitoa, outra que diziam ser costela, e meia garrafa de cidra cereser por pessoa.

Bom, pra nós, que pagamos barato pelo pacote, acho que deu pra passar, mas o pessoal dos chalés que pagou mais de dois mil reais pra desfrutar das mesmas coisas que nós estava bem puto. 

Na virada teve uma queima de fogos que por pouco não virou tragédia: um dos rojões voou pra baixo, todo mundo saiu correndo, foi um susto grande.

E ainda teve o dono da pousada agradecendo a todos e pedindo que retornassem sempre, porque ele quer "ganhar bastante dinheiro pra comprar uma BMW". 

Uhum, senta lá. 

Segunda noite: novamente o seu Vicente desligou a energia, e desta vez Laércio foi lá explicar que precisava da energia por causa do aparelho.

Na terceira noite ele desligou DE NOVO, e aí só resolveu falando com o dono, que precisou dar um curso intensivo pro seu Vicente de como apagar a luz usando o interruptor e não a chave geral.

...

Sobre os passeios

Incluso no pacote recebemos dois ingressos para o Thermas Wather Park, em Águas de Lindóia. Super valeu a pena, passamos um dia inteiro lá, estava bem vazio e deu pra aproveitar bastante. O parque é grande, tem piscinas muito boas e uma estrutura bem legal (exceto pela comida). Recomendamos! 

Recebemos também ingressos para um parque de aventuras, o Kango Jango, mas soubemos que as atrações eram pagas à parte e como Luiza não iria aproveitar nada, não fomos. 

Conhecemos a Gruta dos Anjos, que fica próximo à entrada de Socorro. Paga-se R$ 20,00 por pessoa, que dá direito a passear pelo lago dentro da gruta usando um pedalinho. O visual é incrível, eu que nunca havia entrado numa gruta fiquei deslumbrada. Os coletes salva-vidas fedem muito, esses eu não gostei. Nesse passeio fomos acompanhados de um casal que estava numa barraca ao lado da nossa, com quem fizemos amizade, almoçamos e tiramos várias fotos, a Aline e o Denis. Duas graças :)


A entrada da gruta


Gruta do anjo



Nós :)


Passeio de pedalinho


Luiza curtindo passear de sling na gruta



Coletes fedidos :p


Socorro faz parte do circuito das malhas, então não pude deixar de aproveitar pra comprar umas roupinhas (vestidos, saias, blusinhas, macaquinhos...) Os preços lá são de arrasar, e mesmo quem não é nada consumista, como eu, acaba aproveitando pra dar uma renovada básica no guarda-roupas. 

Serra Negra é outra cidade que faz parte do circuito das malhas e é ótima para compras (cof, cof, também não resisti). Além disso, subindo até o alto da serra se tem uma vista linda da cidade, muito linda mesmo, vale a pena.

Alto da serra - Serra Negra/SP


Luiza e Laércio 


No último dia da viagem fomos conhecer a cachoeira do Rio do Peixe, tomamos um banho bem gostoso de lavar a alma e renovar as energias pro ano novo, almoçamos num restaurante mineiro delicioso que descobrimos por acaso e logo depois pegamos estrada de volta pra casa.


Cachoeira do Rio do Peixe


Mas... já ia me aquecendo de alguns detalhes...

No dia em que curtimos a piscina, final da tarde, a fome bateu e pedimos uma porção de calabresa (única opção disponível) e duas cervejas na lanchonete. Porém, como as atendentes ainda não haviam chegado, o dono, que estava no balcão, pediu que esperássemos um pouquinho. Então fomos dar um banho na Luiza enquanto isso e ficamos de voltar logo depois. Só que quando a gente chegou na barraca o tempo começou a fechar e em questão de segundos o céu desabou. 

Choveu muito, e muito forte, a impressão que dava era de que nossa barraquinha do Gugu sairia voando com a gente dentro. 

E é claro que também choveu MUITO lá dentro!!! Chuva que entrava pelos lados, pela porta, pelo teto... Eu fiquei em pânico, enquanto Luiza e Laércio achavam graça daquilo tudo, então me acalmei e esperei pacientemente até que acabasse.



Durante a fase mais forte da tempestade, ela mamou e dormiu 


Laércio ainda brincou: "-será que eles têm serviço de entrega aqui?"
Estávamos mortos de fome e tudo o que havíamos comprado estava no carro, porque nada cabia na barraca. 

E qual não foi nossa surpresa quando ouvimos a voz do dono lá fora, nos chamando com um guarda chuva na mão e uma bandeja na outra, com nossa porção de calabresa, duas cervejas e pãezinhos!!! Nem acreditei quando vi, de tão feliz!!! 



Um brinde ao nosso primeiro acampamento juntos!!!


A chuva passou, comemos, nos acomodamos no colchão molhado e dormimos.

A sorte é que fazia muito calor, então a chuva na barraca não foi um grande problema. E já que estávamos convictos de que era isso que queríamos para as nossas vidas, decidimos que investiríamos numa boa barraca pra nunca mais passar por todo esse perrengue.


Descobrimos que os pés do Laércio (João Grandão) acabaram forçando o zíper da porta, que quebrou, e por isso choveu tanto dentro da barraca. 

No final das contas o saldo de tudo isso foi super positivo. Fizemos uma viagem feliz, demos muitas risadas, curtimos cada momento e aprendemos com cada uma de nossas trapalhadas. 

Durante quatro dias dormimos espremidos e usamos o carro de guarda roupas, mas nada foi motivo pra pensar em desistir. 

Que venham muitos outros acampamentos!



Escrito por: ela.

O nome do blog

Sugeri este nome para o blog porque tenho motivos para jogar minhas mãos para o céu, como diz a música (sim, isto é uma declaração de amor, hehe!). 

Foi só adaptar para fazer referência ao camping.


Escrito por: ele.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

E foi assim que começou

Era véspera de ano novo (final de 2014) e eu ainda não tinha a mínima ideia de para onde viajaríamos. Só tinha certeza de uma coisa: em casa não ficaria. Então me lembrei de um acampamento que fiz em Paraty anos atrás, meu primeiro (e único) acampamento da vida, com um casal de amigos e seus pais.

Tinha chovido muito, a barraca (emprestada) alagou, não sobrou uma peça de roupa seca, o camping tinha uma estrutura péssima, muita lama, sujeira e desorganização. Além disso, as chuvas haviam derrubado muitas árvores, que caíram sobre algumas barracas e carros dentro do camping e feito um baita estrago. 

Eu tinha todos os motivos pra não querer acampar nunca mais. 

Mesmo assim, tinha sido uma experiência bacana: nunca me esqueci da sensação de acordar com os passarinhos cantando como se estivessem dentro da barraca, logo cedo. Também não me esqueci da sensação boa de comer aquela comidinha caseira feita na barraca, do churrasco, dos improvisos, das risadas, muitas, muitas risadas de toda aquela situação! Naquele ano eu e minha amiga brindamos o ano novo bebendo água da chuva num copo plástico de requeijão, e nos divertimos muito com essa situação!

Em sete dias de acampamento, o sol só apareceu no sexto, então fomos à linda Trindade e no dia seguinte, voltamos pra casa. 

E foi pela lembrança desses momentos ao mesmo tempo desastrosos e especiais que tive a ideia de repetir a experiência e convidar meu querido marido (que nunca havia acampado) a me acompanhar nessa aventura. 

Detalhe: no camping de Paraty, em meio à chuva que nunca parava, um casal foi embora e deixou pra trás uma barraca para duas pessoas, que guardei e jamais usei. 

Pois bem. Esse seria o momento.

Pesquisando na Internet, encontrei um camping em Socorro (Fazenda Valle das Águas), que logo de cara me apaixonei, mas eles estavam sem vagas para o réveillon e indicaram o Quintal das Estrelas, também em Socorro. Foi lá então que decidimos ter nossa primeira experiência juntos no campismo. Como foi? Fica para o próximo post :)

Meu nome é Kátia, tenho 37 anos e sou casada com o Laércio, 46, que vai dividir comigo a contação de todos os nossos causos neste humilde blog.

Escrito por: ela.